Teleatendimento no local do acidente

DATA:04/02/2020

Especialista holandês desenvolve projeto de Telemedicina em ambulâncias, que propõe monitorar remotamente a saúde do acidentado durante o trajeto de transferência para o hospital

Em fase de implementação, o projeto MARS (Especialista Remoto em Assistência Médica) em ambulâncias permitirá o uso da tecnologia para salvar vidas no local do resgate de vítimas de acidentes nos Países Baixos. Liderado pelo médico holandês Dirk Peek, anestesiologista, especialista em dor e consultor médico em e-Health e Telemedicina, o sistema já obteve a aprovação local dos conceitos técnicos e médicos.

Com a instalação de um sistema de comunicação por voz (bluetooth), um tablet e uma câmera digital de alta qualidade, uma ambulância se torna um pronto atendimento virtual. Em tempo real, os dados vitais do paciente, como pressão arterial, frequência e batimentos cardíacos, além de eletrocardiograma e saturação de oxigênio (capnografia), são transmitidos aos médicos do pronto-socorro, que supervisionam o transporte do paciente até a chegada ao hospital.

Os dados são capturados do monitor de sinais vitais, presente no interior da ambulância, e enviados em um lote junto com imagens de vídeo ao vivo para o hospital. Com esta transmissão em tempo real, os paramédicos recebem o aconselhamento dos médicos dentro do veículo. Isso permite um diagnóstico remoto e preliminar e mantém o pronto-socorro informado sobre o quadro do paciente que está a caminho. “Os médicos especialistas estarão virtualmente dentro da ambulância, supervisionando o paciente remotamente”, ressalta o Dr. Peek.

Com o monitoramento do paciente durante o percurso para o hospital, o pronto-socorro consegue se preparar antecipadamente para a recepção do acidentado, de acordo com o estado clínico do paciente, acionando as equipes internas para uma possível cirurgia, como cirurgiões, anestesiologistas e especialistas, ou preparando a Unidade de Terapia Intensiva. “Esse projeto permite dar o suporte adequado para salvar vidas, que inúmeras vezes são perdidas durante o trajeto do local do acidente ao hospital. Isso é Telemedicina, que junto com a saúde digital são fenômenos do avanço nos sistemas atuais de saúde que vieram para revolucionar a prática médica. O uso da tecnologia para salvar vidas é uma realidade sem volta”, enfatiza o médico holandês.

Nas últimas duas décadas, muitas inovações da Telemedicina foram introduzidas ao redor do mundo, bem como no Brasil, incentivando pesquisadores em todas as partes do planeta a trabalharem na validação dessas novas tecnologias. Estudos de custo-benefício e efetividade, além de levantamentos de despesas de reembolso com base em resultados, são extremamente importantes, pois serão capazes de definir o impacto nos sistemas públicos de saúde no futuro.

Para o Dr. Dirk Peek, a digitalização do sistema de saúde aumentará, mas não tão rápido quanto o desejado. Trata-se de um fenômeno global que envolve inúmeras razões nessa lenta adaptação da tecnologia. “Existe uma lacuna na relação do empoderamento dos pacientes. Os prestadores de serviços de cuidados de saúde precisam aceitar as mudanças introduzidas pela saúde digital e ter uma atitude positiva na aplicação dela, capacitando seus pacientes e utilizando os novos recursos”, conclui ele. Entre as principais questões da adaptação do sistema, ainda está a privacidade de dados. A coleta de “Big Data” levanta questões significativas sobre os desafios legais e para os pacientes. As informações dos pacientes devem ser protegidas e os riscos de que dados pessoais e confidenciais sejam compartilhados, minimizados.

Dirk Peek virá ao Brasil em junho próximo e fará parte do time internacional de palestrantes do evento Global Summit Telemedicine & Digital Health, compartilhando experiências da Telemedicina na Holanda e entre outros países da Europa.

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